segunda-feira, 2 de novembro de 2009

01/11/09 - 40o. dia - Fim da viagem - Morrinhos 4:30 da manhã

RESUMO DA VIAGEM:

DURAÇÃO 40 dias;
Quilômetros rodados 9.046 kn
Litros de combustível 530,8 lts
Média consumo moto 17,04
Gasto com gasolina R$ 1.412,84
Despesas pessoais R$ 1.697,48
Gasto Total na viagem R$ 3.110,32
Média diária de gasto R$ 77,75

Veículo: Moto Honda Shadow 750 cc


Observações gerais:

O que mais me impressionou nessa viagem foi o calor humano das pessoas e a paixão que o brasileiro tem pelas motocicletas. No Ceará uma viatura da polícia me abordou num potos de gasolina para admirar a moto. Outra viatura que ia passando parou. Uma terceira vendo as duas paradas parou também. As pessoas que passavam vendo aquele tanto de policiais, em torno de oito, em volta da moto, paravam também. De repente o posto estava lotado de gente. Fato digno de imprensa.
Conforme já citado, no Maranhão uma blitz me parou e quando fui dar-lhes os documentos eles alegaram que só me pararam para curtir a beleza da máquina.
Não existe dificuldade quando está viajando com uma moto grande. As pessoas sempre ajudam.
Diversas pessoas de moto clubes me paravam para conversar. Os que me deram adesivos são os seguintes:

1 - Macau - RN - Macau moto Clube - www.macaumotoclube.com.br;
2 - São Luis - MA - Moto Clube Anjos da Ilha;
3 - Mossoró - RN - Moto Clube Caracarás do Asfalto;
4 - Natal - RN - Paz em Duas Rodas Mo Clube;
5 - Aracati - CE - Moto Clube Aracati;
6 - Araguaina - TO - Falcões de Aço - www.falcoesdeacomg.cm.br
7 - Canguaretama - RN - Moto Clube Solitários do Asfalto Liberdade e Responsabilidade;

Quero agradecer a todos que me acompanharam e temeram pela minha vida por essas estradas do Brasil.

Para finalizar, quero acrescentar que somos felizes por viver no sul do Estado de Goiás. Lembro-me que Morrinhos e Goiatuba tiveram suas redes de esgotos implantadas na década de 1970 e, até hoje, em muitas cidades do Nordeste, sobretudo no Maranhão, não tem rede de esgoto implantada e, pior, o esgoto corre a céu aberto. Parece que têm preguiça de furar uma fossa séptica.

31/10/09 - 39o dia - Guaraí (TO) - Morrinhos (Go)

Roteiro: Miranorte, Palmas, Porto Nacional, Silvanópolis, Santa Rosa do Tocantins, Natividade, Conceição do Tocantins, Arraias (todas no TO), Campos Belos, Monte Alegre de Goiás, Terezina de Goiás, Alto Paraiso de Goiás, São João da Aliança, São Miguel de Goiàs, Morrinhos (GO), passando por Brasília (DF).

Minha intensão era dormir em Alto Paraiso e conhecer a Chapada dos Veadeiros. Porém, ao mastigar um pão de queijo, apertei meu dente aberto (aquele que abri em Feira de Santana) e a dor não parou mais. Então pensei "com essa dor não vou conseguir dormir. Assim, vou tocar até ela parar".
Cheguei em Morrinhos às 4:30 da madrugada e ela não tinha parado.
Foi uma loucura. Pilotei 1.501 km durante quase 22 horas, só parando para abastecer e relaxar.
Espero não repetir essa façanha nunca mais. O lado positivo foi que, devido ao feriado prolongado de finados, não havia ninguém viajando. Eu tinha a impressão que a estrada era só minha. Mas de vez em quando vinha uns pensamentos "se eu capotar e sair da pista, ninguém me achará". Então tomava mais cuidado.

30/10/09 - 38o. dia - Grajaú (MA) - Guaraí (TO)

Roteiro: Lajeado Novo, Porto Franco, Estreito (MA), Aguianorte, Darcinópolis, Wanderlândia, Araguaina, Nova Olinda, Colinas do Tocantins, Presidente Kennedy e Guaraí (TO).

Nessa altura da viagem, o objetivo maior era a volta para casa. Por isso, com exceção das cidades da beira da estrada, a única que entrei para visitar foi Araguaina, onde almocei.

29/10/09 - 37o. Dia - Miranda do Norte - Grajaú (MA)



Roteiro: São Mateus do Maranhão, Caxuxa, independencia, Capinzal do Norte, Dom Pedro, Presidente, Dutra, Barra da Corda e Grajaú.

Foi um dia muito interessante, por isso vou dividir o relato em três partes:
1a) Na cidade de Presidente Dutra, pela primeira vez, após 48 mil km, a Celestina deu "piripaco". Por volta das 11 horas da manhã, após um abastecimento, ela não quis pegar, indicando bateria fraca.
Porém, após uns empurrões, ela pegou e fui procurar uma oficina.
Na oficina, após informar que o defeito não tinha acontecido antes, um jovem começa a tirar o banco da moto para ter acesso à bateria e a desconectar todo fio que encontrava.
Toda ação dele era relatada previamente, tipo: "vou dar uma carga na bateria, vou lixar os contatos da bateria, vou limpar os contatos dos fusíveis, vou desoxidar os conectores de carga da bateria, vou limpar os contatos do iterruptor de partida", etc.
Para cada afirmação dessa eu ia, mentalmente, atribuindo um valor entre R$ 5 e R$ 10,00. Quando cheguei a R$ 50,00 parei de acrescentar e fiquei tentando encontrar um valor justo para o serviço. Imaginem o quanto foi angustiante para um cara muchiba como eu.
Para evitar esses pensamentos avarentos e diminuir sofrimento, comecei a discutir religião com a matriarca da família que também trabalha na oficina (os mecânicos são pai e filho e mãe e filha os administrativos). Todos riam das minha colocações laicas a respeito da Bíblia.
Enquanto o mecânico montava os fios busquei uma "quentinha" nas imediações e almocei na oficina conversando com a família.
Após limpar todas concexões desde o botão de partida até os cabos de geração de energia, passando pelos fusíveis e bateria, o Wilton me entregou o serviço.
Meus prognósticos mentais tinha fixado um valor entre R$ 30 e R$ 50,00. Porém, o valor atribuído pelo mecânico Wilson e confirmado por todos, me assustou. Foi um valor muito diferente do que eu tinha estabelecido mentalmente.
Quando cheguei, pensei que o tamanho da moto iria influenciar no preço do serviço, mas não tanto conforme ocorreu.
Eles não me cobraram nada. Insisti que esse preço não era justo, mas mesmo assim continuaram firme alegando que não me custaria nada. Naturalmente fiquei muito feliz e, após abraçar todos, fui embora.
O nome da oficina é ESTER MOTOS, fica na cidade de Presidente Dutra, no Maranhão. O mecânico é o Wilton, jovem e muito dinâmico. A sua irmã Carla que irradia simpatia e disposição toma conta das peças e o proprietário o Sr. Estelito. Comandando todos fica a matriarca, que não anotei o nome. Pelo que percebi, ela é muito impositiva na divulgação dos preceitos evangélicos.

2o) Reserva Indígena. Na noite anterior, meus companheiros de "hotel", os caminhoneiros, me amendrotaram muito pela rota que escolhi. Teria que percorrer 25 km de estrada dentro de uma reserva indígena e, segundo eles, os índios são imprevisíveis: fazem barreiras, invadem veículos e assaltam durante a noite.
Disseram que não era para eu parar, porque a beleza e o tamanho da moto poderia interessar-lhes. Recentemente tinham sequestrado um casal de namorados que passavam na reserva com um carro muito bonito.
Esses comentários me amendrontaram e, por esa razão, a tensão e a adrenalina foram altas o dia todo. Porém, a travessia foi totalmente tranquila, exceto pela quantidade e altura dos quebra molas (em torno de 50 obstáculos).
A única coisa que disseram e ocorreu foi que os índios tinham uma faixa obrigando todos os veículos a parar para pedirem dinheiro.
Mas, seguindo uma dica de um policial que me parou na estrada, segui colado num caminhão, quando eles baixaram a faixa para o caminhão eu passei colado sem parar. Ví só eles olhando assustados.
No caminho encontrei diversos indios mas que ficavam somente observando a passagem dos veículos.
Sobre esses guardas foi interessante: Bem antes da reserva, fui parado por uma blitz com 4 guardas super armados (dois deles com metralhadora). Ao parar foram logo fazendo diversas perguntas sobre meu trajeto e sobre a moto. Ao entrgar-lhes os documentos disseram "não precisa documento não. Só paramos você para curtir a beleza dessa máquia". Não sabia se ficava grilado ou feliz; optei pela segunda, principalmente deido ao arsenal dos homens.

3o) Conterrâneo. Na cidade de Grajaú, parei num supermercado para readequar meus suprimentos, quando um garoto aproximou e apontou para um senhor que estava sentado na porta de uma residência e disse que seu pai me convidava para tomar café.
Ao aproximar, o cara disse: "te chamei por admirar motociclista, agora que meu filho me disse que sua moto é de Morrinhos, o prazer é dobrado".
A conversa com esse sujeito extendeu das 17 às 22 horas. Junto com sua esposa e filho me levara para uma pizzaria e deu trabalho para eu rachar a conta.
O nome dessa simpatia é Mario Carvalho, conhecido em Morrinhos e Goiatuba como "cobrinha". Ele nasceu e viveu até a adolescência em Morrinhos e o pós-adolescência em Goiatuba. Por essa razão, diversos personagens das suas divertidas histórias, me eram conhecidas. Na adolescencia trabalhamos em empresas próximas em Goiatuba. Ele lembra de mim, mas eu não me recordei dele.
Nuitos dos seus amigos de infância de Morrinhos são meus conhecidos, inclusive meu grande companheiro Rui Leite.
Nas fotos a oficina e o "cobrinha". Que coincidência, em?

28/10/09 - 36o. dia - Barreirinhas - Miranda do Norte (MA)





Roteiro: Morros, Rosario, São Luis e Miranda do Norte (MA).

Passando por rosário vi uma concessionária Honda e aproveitei para trocar o óleo da celestina, já que a quilometragem aproxima dos 6 mil.
Em São Luis almocei, caminhei pelo centro histórico e pilotei na avenida costeira para conher as praias.
As praias de são Luis são bonitas porém, tenho a impresão que são muito poluídas. Próximo delas tem uma lagoa muido fedida. Pelo odor, parece que todo esgoto da vizinhana cai nela.
Do outro lado tinha onze grandes navios cargueiros parados a poucos qulômetros delas que também deve despejar seus resíduos no mar. Na foto um grupo de irmãos do Moto Clube Anjos da Ilha de São Luis. Um deles me encontrou na rua e chamou os demais para me conhecer e me dar um adesivo
Após pilotar 542 km, parei para dormir num posto de gasolina de Miranda do Norte.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

27/10/09 - 35o. dia - Barreirinhas (MA)


Às 8:20 a agência de turismo foi me pegar na Pousada.
O passeio consiste em descer o rio Preguiça numa canoa que eles chamam de voadeira, levando 13 pessoas mais o piloto.
O piloto vai descento o rio numa velociade bem grande parando de vez em quando para comentar sobre a paisagem.
Foram feitas duas paradas maiores. Uma para subir no farol da Marinha e outra em um pequeno restaurante para um lanche.
Ao meio dia chegou à foz do Rio onde o grupo fica até as 15 horas. Esse lugar deve ser do proprietário da agência, tendo em vista que só existe um restaurante no local, mais nenhuma opção de alimentação. Ali as pessoas comem, bebem e pegam praia em alto mar. A cerveja custa R$ 5,00 e um pedido no restaurante não sai por menos de R$ 50,00. Mas eu, precavido, levei dois pães com presunto e mussarela, castanha de caju e bolacha diet.
A viagem de volta durou 45 minutos em alta velocidade.
Apesar de ser mais demorado e feito embarcado em um rio muito largo e bonito, não gostei muito desse passeio.
Gostei mais da caminhada nos Lençois Maranhenses.

26/10/09 - 34o. dia - Barreirinhas (MA)








Às 13:50 a agência mandou me buscar na pousada para o passeio aos famosos Lençois Maranhenses. O passeio dura quatro horas e é dividido em dois trechos. O primeiro na carroceria de uma camionete com tração nas 4 rodas e a segunda a pé. Gostei muito das duas partes. Na primeira pela Adrenalina de ver o carro rasgar a areia fofa das dunas e sentir o balanço e os pulos do veículo.
A segunda consiste numa caminhada descendo e subindo dunas onde se passa em quatro lindas lagoas. Sendo que em três delas o guia dá um tempo para um banho relaxante.
A caminhada termina no ponto mais mais alto que fica próximo onde o carro nos esperava. Alí ficamos esperando o sol descer para fotografá-lo.
Ao inicar a noite a agencia me delvoveu na pousada, após agendar outro passeio para o dia seguinte.

25/10/09 - 33o. dia - Morros - Barreirinhas (MA)

Cheguei à Barreirinhas antes das 10 hs. Barreirnhas é ponto de apoio para diversos passeios na região, por isso, a primeira coisa que fiz foi procurar uma agência onde marquei o primeiro passeio para o dia seguinte à tarde. Escolhi o período vespertino devido o sol ser mais ameno a partir das 15 horas.
Pela primeira vez, depois de 33 dias viajando, vou pagar uma pousada.
Após desfeita a bagagem fui procurar um lugar para comer uma "quentinha" e outro p/ assistir o jogo Flamento de Botafogo às 18:30 hs. Fui feliz nas duas buscas. Às 18 estava sentado no meio de meia centena de flamenguistas num barzinho da cidade.
Logo após o jogo já estava deitado.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

24/10/09 - 32o dia - Pedra do Sal (parnaíba - PI) - Morros (MA)


Localidades passadas: Piranji, São Bernado, Santa Quitéria, Brejo, Anapurus, Chapadinha, Vargem Grande, Itapecuru Mirim, Rosário, Axixa e Morros (MA).

Hoje foi um dia muito cansativo. Foram 450 km rodadados em uma estrada difícil de pilotar. Após entrar no Maranhão peguei 150 km de buracos e quebra-molas.
No Maranhão existem muitos povoados de 8, 10 ou 20 casas na beira da rodovia e na frente de cada uma delas são instalados no mínimo quatro redutores de velocidades tão altos que me obrigavam a parar totalmente, porque pegam no açoalho da moto. De 30 em 30 km dos 450 km tem um povoamento desses.
Quando parei para dormir estava quebrado.

23/10/09 - 31o. dia - Jijoca de Jericoacoara(CE) - Pedra do Sal (Parnaíba-PI)




Localidades passadas: Parazinho, Granja, Camocim, Barroquinha, Chaval (todas CE), Macapa, Luis Correa, Paranaíba e Pedra do Sal (PI)
Hoje foi um dia de pouca curtição e muito asfalto. Andei aproximadamente 400 km por uma região muito pobre. Demorei um pouco em Camocim, para visitar suas praias e gostei da cidade de Parnaíba que mistura a urbanização moderna com o centenário. No centro, as ruas são muito estreitas e camelôs aos montes e na periferia ruas largas. Passando por uma rua do centro de Parnaíba um mostro humano pesando 150 kg, tatuado nos praços de 30 cm de diâmetro e na cabeça totalmente raspada. Com uma voz proporcional ao seu corpo pula na frente da moto fazendo-me parar. Era o Claudião, nômade, dos Abutres de Goiânia. Ele já foi no encontro de Morrinhos, é amigo do Dr. Edis, abutre de Caldas Novas e conhece meu amigo Rui Leite.
O claudião estava acomopanhando um grupo do cantor sertanejo Edu Magalhães. Depois de muita conversa descontraída ele me convidou para assistir o show como seu convidado o que recusei por falta de local para ficar que ainda não tinha procurado.
Como tenho feito ultimamente, sempre que vou procurar local para acampar me dirijo às barracas das praias. Na praia Pedra do Sal, na primeira pousada que parei para buscar informação, o proprietário era um ex-motociclista.
O Manoel me deixou acampar ao lado da sua pousada, me deu ducha e pão com manteiga sem cobrar nada. Quando era mais novo ele rodou o Brasil numa moto 150 cc dormindo nos postos de gasolina, como eu.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

22/10/09 – 30º dia – Jijoca de Jericoacoara






Resumo da viagem, até o momento:
Tempo : 30 dias
Valor Gasto : R$ 1.959,68
Média diária : R$ 65,33 (Gasolina e despesas pessoais)
Km rodados : 5.402 km
Média diária : 180 km/dia

Conforme orientação do Ávila, fui ao centro da cidade para pegar uma das camionetas que fazem o trajeto até o Parque, por um valor de R$ 7,00 pelo translado de ida.
Gostei mais da viagem de ida e volta do que do povoado e da praia. No percurso o veículo vai enfrentando os montes de areia e circulando dunas e lagos pluviais, num torce-retorce muito gostoso. Jericoacoara é um povoado muito pequeno de aparência inexplicável. Por estar dentro da reserva, não tem nenhuma rua com calçamento. As ruas são como campo de futebol de areia; as pousadas simples mas cheias de gringos.
Esse povoado deve ser o maior centro locador de pranchas para Windsurf do Brasil. Sem medo de errar, estimo umas 400 pranchas encostadas e circulando em alto mar. Lembrei do meu filho Marcelo que sonha em ter uma dessas. Ele, com sua animação, iria correndo pegar aula com um dos professores disponíveis que garantem um dia para deixá-lo pronto para navegar.
O Ávila havia orientado para eu fazer uma caminhada até a pedra furada e, assim, o fiz. Foram quase 40 minutos de ida, pelo continente, e uma hora, aproximadamente, voltando pela praia. Devo ter queimado bastante glicose.
Às 17 hs estava de volta ao meu “lar” na casa do Ávila.

21/10/09 – 29º dia – Lagoinha – Jijoca de Jericoacoara.






Localidades Visitadas: Paraipaba, Trairi, Guagirú, Mundaú, Almofala, Itarema, Acaraú e Jijoca de Jericoacoara.
Foi um dia sem surpresas agradáveis. A maioria dos lugares são de pouca atração turística.
A grande atração dês trecho é o Parque Nacional de Jericoacoara. Por essa razão preparei para dormir em Jijoca, cidade próxima, para montar a estratégia de visita do Parque, já que sabia de antemão que a Celestina não daria conta de chegar lá, devido à areia.
Chegando à Jijoca, parei numa padaria para tomar o lnache das 16 hs. Nisso fui abordado por um homem de aparência exótica: careca na frente e cabelo de meio metro na nuca. Pilotava uma moto suja que parecia (e de fato era) montagem de pedaços de outras três motos.
Chegou me chamando de “irmão” e perguntando de que eu precisa. Pensei: “lá vem esses guias turísticos”. Mas como eu precisava, já respondi logo: “preciso de um local para armar minha barraca”. Ele me respondeu: “Pronto! Vai ser lá em casa. Siga-me”.
Pedi-lhe um tempo para pegar uns pães e aproveitei para perguntar se a balconista conhecia aquele sujeito. Ela respondeu: “ele é dono de uma churrascaria”.
Mais tranqüilo, segui o camarada e logo comecei a ver as placas indicativas da Churrascaria do Ávila. Chegando à sua residência, que fica nos fundos do restaurante, ele me mostrou um quarto e disse “esse será seu aposento. Sinta-se como se estivesse na sua casa”.
O Ávila é um sujeito super legal, muito trabalhador (tem o restaurante, presta suporte em informática, dá aula de capoeira e ainda é envolvido com questões sociais) e é apaixonado por motociclismo. Em um vidro do seu negócio tem adesivos de moto clubes do Brasil inteiro. A maioria foi ajuda pelo Ávila, como eu fui.
Essas surpresas são o grande barato das viagens: descobrir que ainda existem pessoas boas nesse mundo.

20/10 – 28º. Dia – Prainha (Aquiraz) – Lagoinha.





Localidades visitadas: Porto Dunas, Eusébio, Fortaleza, Cubuco, Pecém, Paracuru, Paraipaba e Prainha
O destaque desse trecho foi Fortaleza. Cidade grande e com a parte mais nova muito bonita. A praia do Futuro é dominada por bares com estrutura de um clube. O mais sofisticado (Coco Beach) conta com toboágua, piscinas, cascata, lanchonete, restaurante para eventos, venda de souvenires e banheiro limpos. Mas, ao contrário do que imaginava e sonhava de Fortaleza, minha nota para a praia não foi boa. A água do mar do litoral cearense é suja devido ao terreno e outros fatores que não sei.
Fiquei em Fortaleza uma quatro horas, tempo suficiente para rodar muito e descansar no Mercado Central onde são vendidos artesanato da região.
A localidade de Lagoinha, onde dormi, tem um visual do mar muito bonito, mas a praia e barrenta.

19/10/09 - 27o dia - Canoa Quebrada - Prainha (Aquiraz)



Localidades vistatadas: Aracati, Fortim, beberibe, Morro Branco, Cascavel, Caponga, Pindoretama, Iguape e Prainha.

Achei interessante a cidade de Aracati, município sede de Canoa Quebrada. Ela tem 190 anos, feia, suja, comercio desorganizado, carne vendida do lado de fora dos açouges, mas corre muito dinheiro e tem diversas construções antigas, inclusive umas quatro igrejas. Minha cidade de Morrinhos tem mais de 150 anos e não tem nenhuma igreja antiga.
Em Beribere rejeitei a caminhada pelas falésias coloridas, muito valorizadas pela população. Tinha que triara as roupas de motociclista e daria muito trabalho.
Aprendi acampar em cabansa de praia abandonadas. Em Prainha pude escolher entre três. Escolhi uma onde um cara legal de pele negra de nome Acerola trabalha como vigia. Ele já viajou o mundo trabalhando num circo. Hove vive de fazer artezato e mora na cabana para cuidar.

domingo, 18 de outubro de 2009

18/10/09 - 26o dia - Canoa Quebrada (CE)



A cidade não correspondeu às minhas expectativas. A areia e a água do mar são sujas; as velas das jangadas e as roupas dos banhistas encardidas. A maré limita o horário de uso da praia. Após as 13 horas as pessoas tem que deixá-la.

Porém, a cidade é mais famosa pelas festas. Por isso, coloquei o relógio despertar as 22:30 e fui para a rua principal certificar-me sobre essa fama (dormi das 19 às 22). Realmente é muito agitada. Tem três boates emendadas tocando Reggue, Discoteca e Forró. Entrei na de forró mas não dancei nenhuma música. Primeiro poque o local não parecia local de dança. A moçada queria mesmo era "azarar". Tinha três casais que deram um show de dança, mas só.
Por essa escapada noturna, hoje acorde mais tarde: às 7 hs.

17/10/09 - 25o. dia - Macau (RN) - Canoa Quebrada (CE)





Localidades visitadas: Pendência, Alto do Rodrigues, Porto do Mangue, Areia Branca, Mossoró, Grossos, Tibau, Icapuí e Canoa Quebrada.

Como é sábado, hoje foi o dia dos moto clubes. Logo cedo, na padaria, dois membros do Macau Moto Clube - Asas do Asfalto, me abordaram para conversar e me dar adesivos do clube.
Em Mossoró, eunquanto descansava após o almoço, uma pessoa me sugeriu ir à sede do Moto Clube Carcarás que ficava a poucos metros dali. Chegando lá o pessoal estava almoçando num encontro muito animado. Não almocei novamente, mas comi uns salgados e ainda catei outros para levar. Me deram adesivos e uma camiseta do clube. A minha recepção no grupo foi ofuscada, porém, por duas BMW´s que dois membros acabavam de trazer de São Paulo. Parece que tinham chegado pouco antes de mim e exaltavam, com justiça, a performance das máquinas.
Todo percurso de hoje foi em terras onde jorra petróleo. Todos as cidades que passei recebem róialtes da Petrobrás, porém, lamentavelmente, o dinheiro não aparece como benfeitoria em muitas.
Gostei de Guamaré e Areia Branca. A primeira nem parece uma cidade do nordeste de tão limpa e iluminada. Mas as pessoas que conversei acham que, por receber dinheiro da perfuraração e da refinaria, a cidade deveria reber mais benefícios.
Areia Branca é lindinha. Os políticos de lá têm bom gosto e cuidado.
Por outro lado, Macau, Pendência e Alto Rodriges, são muito feias. Sobretudo as duas últimas, onde as ruas estão em péssimas condições e o esgoto corre a céu aberto.
Um assessor parlamentar de Pendência me disse que o poder da cidade manteve-se durante 40 anos com a mesma família. Viva nossa querida Morrinhos!!
Mossoró é uma cidade com 400 mil habitantes, muito rica e muito bem cuidada. Deve ser a cidade com mais motocicleta por habitante do Brasil. Seria conveniente fazer um estudo de mercado para montar uma oficina de moto nessa cidade.
Na foto estou passando por um braço do mar que rompeu a estrada. Foi coragem o medo agora é da ferrugem.

16/10/09 - 24o dia - Touros - Macau (RN)



Localidades visitadas: São Miguel do Gostoso, São Bento do Norte, Caiçara do Norte, Guamaré e Macau.

Conforme já escrevi, o mar do norte do RN não é bonito. Por isso, hoje, não foi um dia interessante. Para relembrar os tempos da Patagônia, quando pilotei 2.300 km em estrada de cascalho, resolvi atalhar e peguei 26 km de terra entre São Miguel do Gostos e Parazinho. Esse atalho foi uma forma de não retornar pelo mesmo caminho, conforme é meu princípio. Mas foi difícil. Tive que fazer toda o percurso ente 20 e 30 km/h.
Dormi numa cabana abandonada na praia de Macau, indicada pelos próprios barraqueiros. O Senhor Expedito, barraqueiro colado à minha, me adotou. Me cedeu seus aposentos para tomar banho, coco gelado e até comida sua esposa queria fazer. O casal tem 16 filhos e nenhum mora na mesma cidade que eles.
No outro dia cedo o Sr. Expedito me acompanho até uma padaria no centro cidade, onde nos depedimos emocionados.
Hoje foi um dia de reflexões sobre filhos. Vinha pela estrada, sob um sol infernal e bunda e braços doendo muito, e resolvi parar debaixo de uma árvore onde encontrava-se uma velha.
Ao estacionar, a velhinha veio encontrar comigo dizendo: "tire o capacete devagarinho, senão você pode morrer!". Ela foi me explicar que uma conhecida dela morreu do choque térmico ao retirar o capacete. Não acreditei nela e tirei logo.
A senhora vende mel debaixo da árvore e alí, sozinha, fica a recordar dos seus onze filhos. Em dez minutos, como uma metralhadoura, ela me contou sobre sua vida e a de seus filhos. Seu entuasiasmo era maior para falar de um que mora no Maranhão e tem casa, apartamento e lancha voadora e outro bem de vida que mora no interior de São Paulo. Nenhum filho mora com ela.
Mas o entusiasmo da velhinha, que segundo ela tem 144 anos (72 dias e 72 anos) abacabou quando perguntei: "porque a sra não vai viver com seus filhos?". Aí ela respondeu, sem mostrar sorridente os dois dentes frontais que vi desde que cheguei: "Ah! você sabe, né? Eles tem a vida deles".
Aí eu voltei para a estrada pensando dentro do meu capacete: "uma mãe cria onze filhos e onze filhos não cuida de uma mãe".
Tenho um casal de vizinhos cujo homem encontra-se cego após uma cirurgia da cabeça, a mãe vendendo roupas de porta-em-porta e o filho que ganha muito bem em Nova Yorque gastando todo seu dinheiro com diversão. Nem antes da cirurgia, nem depois, perguntou se precisavam de algum dinheiro. Pelo contrário, saiu de São Paulo deixando dívida para mãe pagar. O cara mora num apartamento num dos endreços mais caros daquela cidade americana.
Outros filhos que conheço nem trabalhar quer para usufruir dos parcos recursos dos pais ou dos avós.

15/10/09 - 23o. dia - Praia da Pipa - Touros (RN)



Cidades e praias visitadas: Tibaú do Sul, Pirangi do sula, Pirangi do Norte, Praia de Pointa Negra, Natal, Redinha, Genipabu, Maracajaú, Canaubinha e Touros.
O litoral sul do Rio Grande do Norte é muito bonito. A cor da água do Mar é belíssima e as dunas exuberantes. Os destaques da viagem foram Pirangi do Norte, Natal e Touros.
Em Pirangi fica o maior cajueiro do mundo. Já interditaram meia pista da rodovia para dar passagem às ramificações da árvore.
Natal, por ser linda. Das capitais que passei, nesta viagem, foi, sem dúvida, a mais bela, mais planejada e muito bem cuidada. Se tivesse que escolher uma capital para morar, seria lá. Ruas largas e diversas avenidas de duas pistas. Parece que todos os prédios foram construídos na última década. Estão como novos.
A cidade de Touros foi onde dormi. Armei minha barraca na praia enquanto alguns pescadores ainda voltava do mar. Enquanto armava a barraca, as pessoas se aglomeravam em torno da "celestina". Logo veio as ofertas para banho e até de comida. Terminando a montagem sentei em um banco da praia e fui falar das minhas aventuras e especular sobre a cidade e a vida deles.
Um cidadão, aparentemente mais culto, afirmou que existem provas convicentes que foi em Touros o descobrimento do Brasil. Antes de Cabral, outras embarcações afundaram na costa da cidade. Ele alega que foi a política européia da época que decidiu Portugal como descobridor.
O papo foi intenrompido com a chegada de uma jangada do alto mar. Aqui essa embarcação tem o nome de "paquete". Na minha época de adolescente esse nome significava mestruação, por isso me soou mal o termo.
Perguntei sobre tudo que via. O nome das peças, da embarcação, quanto tempo ficam no mar, onde pescam e quanto ganham por mês. Eles ganham muito pouco, pelo que me informaram, algo em torno de R$ 50,00 por dia, em média e trabalham muito.
Existem o "paquete" pequeno que fica pescando no "cascalho" - área próxima da práia - e o grande que fica em alto mar sem nenhuma visão da terra. Esses passam até 24 horas no mar e para voltar a noite, para casa, vem pelo rumo até ver a luzes da cidade ou do farol.
É absolutamente desconfortável ficar três ou quatro pessoas aconchegado naquela prancha cuja vela ocupa a maior parte do espaço.
Conforme planejei, as 3:30 da manhã estava em pé para vê-los jogar os paquetes no mar. O que mais me emocionou foi o esforço de um velho para empurrar a sua. Ele tem aparencia de uns 70 anos, baixinho e com a pernas muito emborcadas. Felizmente para ele, a solidariedade entre os pescadores é muito grande. Logo sua embarcação estava no mar. Com ele foi um jovem de uns 20 anos. Pensei: "se idade pesar, o barco vai tombar".
Após assistir a partida deles fui preparar a minha.
Touros fica na "esquina" do Brasil. O sol nasce às 3:50, ao sul, e às 18 hs já está noite.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

14/10/09 - 22o dia - Praia do Pipa (RN)











A Praia do Pipa é uma cidade cheia de turistas estrangeiros. Na rua é frequente encontrar pessoas falando outra língua. No meu camping tem uma Norueguesa que está com um carioca, um casal de Irlandeses e uma Argentina que está namorando o filho da dona do Camping.
De manhã mandei lavar minhas roupas e depois das 15 hs fui fazer uma grande caminhada pelas praias e pelo centro da cidade. Andei mais de uma hora.

13/10/09 - 21o. dia - Tambaba (PB) - Praia da Pipa (RN)




Localidades visitadas: Jacumã, Campina, Ponta Seixas, Tambaú, João Pessoa, Cabedelo, Costinha, Lucena (todas na Paraíba), Canguaretama, Barra do Cunhaú, Praia do Pipa (RN).

Às 6:30 já estava na porta da padaria em Jacumã, cidade a 11 km de Tambaba, onde tomei um café da manhã meio caro para meu costume. Me cobraram R$ 3,90, por dois pães com manteiga e um café com leite. Quase o preço de uma "quentinha".
Hoje acordei bem disposto, por isso as vistas renderam, sempre buscando os caminhos e as localidades mais próximos do mar. Entrei em todo acesso ao mar asfaltado.
Após rodar umas duas hora por João Pessoa, segui rumo a Cabedelo que consta no mapa como sem saída. Ou seja, teria que ir e voltar pelo mesmo caminho. Porém, chegando lá, descobri uma balsa que passava para Lucena e, com isso, não precisaria voltar até João Pessoa. Foi um trajeto sem grandes belezas.
De Lucena voltei à BR-101 com o objetivo de dormir na Praia da Pipa. Logo que entrei em RN deixei a BR-101 rumo à Barra do Cunhaú, onde tive que pegar outra balsa para o lado da Praia da Pipa, conforme foto.
Cheguei à Praia da Pipa por volta das 16 hs e assustei com a quantidade de turistas. Parece temporada. As estreitíssimas ruas, sem passeio, com um paralepípedo todo irregular e subidas e descidas íngremes, foi a situação que encontrei para procurar Camping. Teve momento que pensei em encosta a Celestina e sair a pé. Mas logo me instalei no Camping das Mangueiras que fica bem no centro do minúsculo povoado.